A política brasileira enfrenta um dilema significativo ao tratar cidadania e economia como realidades opostas. Essa visão tem gerado uma disfunção evidente no cenário político do país. Apesar da liberdade política e do pluripartidarismo, há uma lacuna notável: a dificuldade em encontrar representantes que defendam simultaneamente a cidadania e um ambiente de negócios saudável.
Durante as eleições, os eleitores se veem obrigados a escolher entre candidatos que, por um lado, defendem princípios de cidadania, mas ignoram aspectos econômicos, e, por outro, aqueles que priorizam a economia, mas desconsideram direitos civis. Essa escolha forçada é um reflexo de uma política que não consegue integrar essas duas esferas essenciais.
A segurança pública é um exemplo claro dessa contradição. Uma polícia que atua fora da lei compromete a cidadania e a segurança jurídica, criando um ambiente de negócios instável. A violência policial não só ameaça os direitos civis, mas também impede o desenvolvimento econômico sustentável.
Na educação, a situação se repete. Investir na educação pública é crucial, mas muitos candidatos que defendem essa ideia ignoram a importância de um ambiente favorável para negócios e investimentos. Essa visão limitada prejudica tanto o setor público quanto o privado, criando uma falsa dicotomia entre eles.
A política econômica também sofre com essa divisão. A defesa do mercado, muitas vezes feita de forma simplista, ignora a necessidade de regulação e inclusão social. Por outro lado, a esquerda frequentemente coloca a defesa dos direitos sociais em oposição à racionalidade econômica, o que é igualmente prejudicial.
Essa abordagem polarizada impede que o Brasil enfrente seus desafios de forma eficaz. A política parcial alimenta as deficiências nacionais, afetando principalmente a população mais vulnerável, que sofre diretamente com as consequências dessa disfunção.
Apesar de existirem políticos que tentam superar essa lacuna, eles são frequentemente vistos como irrelevantes ou ingênuos. Essa percepção limita a possibilidade de uma política mais integrada e abrangente, que poderia oferecer soluções reais para os problemas do país.
A verdadeira questão não está apenas nos líderes políticos, mas também na percepção pública de que cidadania e economia são mutuamente exclusivas. É essencial reconhecer que ambos os aspectos são interdependentes e devem ser tratados como complementares para promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo no Brasil.