Petrobras (PETR4): uma “gigante” do segmento de exploração e produção de petróleo, com investimentos bilionários destinados à exploração do pré-sal, que teve um dividend yield de mais de 20% no segundo trimestre de 2022 e soma mais de 40% no acumulado do ano. Mas se você está pensando que essa história parece boa demais para ser verdade, não está sozinho. Por mais que seja uma empresa “curinga” da Bolsa brasileira, muitos investidores estão receosos em relação à Petrobras. Acontece que a estatal tem sido motivo de tensão no mercado por estar sujeita a intervenções políticas em meio às eleições de 2022.
De um lado da disputa à presidência temos Lula, um candidato que é aliado político da ex-presidente Dilma Rousseff, responsável por congelar os preços dos combustíveis a ponto de causar prejuízo na Petrobras. Sem contar que ele mesmo já se posicionou contra a política de preços da petroleira (atrelada ao preço de mercado do petróleo). Do outro, temos Jair Bolsonaro, um candidato que, embora tenha um posicionamento mais liberal, chamou atenção por realizar várias trocas na diretoria da petroleira, e cobra há algum tempo a redução da margem de lucro da empresa para diminuir o preço dos combustíveis. Com o medo de possíveis interferências políticas em um novo governo e até mesmo ameaças de privatização, é hora de comprar ou vender as ações da Petrobras? Vou te explicar melhor o que está em jogo para os acionistas e para a Petrobras.
O que fez a Petrobras se tornar a maior pagadora de dividendos do mundo em 2022?
É natural que investidores fiquem “com um pé atrás” em relação à Petrobras, que já chegou a ser intitulada a empresa de petróleo mais endividada do mundo depois de sofrer com esquemas de lavagem de dinheiro e com as decisões dos governos Lula e Dilma. Na tentativa de conter os impactos das oscilações dos preços dos combustíveis no consumidor final, os governantes induziram a petroleira a vender petróleo abaixo do valor de mercado. Essa política, é claro, foi responsável por provocar o prejuízo da Petrobras, que abria mão do lucro, chegando a vender combustíveis por um valor inferior ao que tinha pago no mercado internacional.
A petroleira ensaiou uma recuperação ainda durante o mandato de Dilma Rousseff, com o lançamento de um programa de desinvestimento. O objetivo foi diminuir a dívida da empresa e redirecionar recursos para ativos geradores de valor, como a exploração de petróleo em águas profundas (pré-sal), através da venda de ativos menos lucrativos. O programa ganhou tração durante a gestão de Pedro Parente, a partir de 2016. Foi também neste ano que a Petrobras adotou a PPI, Política de Paridade de Importação. A partir de então, o petróleo da empresa passou a ser comercializado a preço de mercado, o que contribuiu para “desafogar” os cofres da companhia.
Tudo isso para dizer que a redução do endividamento é uma boa notícia, pois abriu espaço para maior remuneração dos acionistas. Para você ter uma ideia do quão boa essa mudança foi, a Petrobras se elegeu “a maior pagadora de dividendos do mundo” pela gestora Janus Henderson neste ano, sendo a única empresa brasileira do ranking (veja abaixo). Esse é um feito admirável para uma companhia que costumava ser “a petroleira mais endividada”. Ao todo, ela distribuiu US$ 9,7 bilhões em dividendos no segundo trimestre do ano, o equivalente a R$ 6,73 por ação — um dividend yield de 20%. Mas também não podemos nos deixar levar por uma “história de superação”: antes de decidir se vale a pena investir na Petrobras, é preciso analisar todo o contexto em que a empresa está inserida, sem deixar de lado o risco político.