Raquel comentou os projetos que estão em andamento no IE. “A escola era um centro de excelência de normalistas e, agora, terá um centro de formação de professores mediado por tecnologia, com recursos modernos. Além disso, teremos o Museu da Escola do Amanhã, que oferecerá experiências de inovação. Estamos trabalhando para fazer das escolas espaços bonitos, atrativos, seguros, felizes e de alto desempenho”, afirmou.
As obras no prédio histórico localizado na avenida Osvaldo Aranha incluem restauração e modernização do mobiliário e do imóvel, do auditório, do ginásio e dos pisos, adequações às legislações de segurança contra incêndio e acessibilidade, recuperação de instalações elétricas e esquadrias e readequação de espaços.
Foram reformados o saguão, a fachada, 20 salas de aula, refeitório, banheiros, ginásio com quadra poliesportiva e palco, auditório com 392 lugares, três laboratórios (Química, Biologia e Artes e Serigrafia), três quadras esportivas descobertas, cozinha e pátio.
Na parte administrativa, estão finalizadas as obras de vários ambientes: secretaria, sala da direção e da vice-direção, Serviço de Supervisão Educacional (SOE), sala de recursos (para atendimento de alunos com necessidades especiais), sala dos professores, banheiros e sala multiuso. O restauro do ginásio e do auditório respeitaram os padrões originais. Entre as novidades, estão uma central de lixo, gás e energia e uma cisterna que garantirá, por exemplo, o reuso da água para limpeza do pátio.
Com 12 mil metros quadrados de área total e 8,5 mil metros quadrados de área construída, a estrutura conta com três pavilhões independentes: o principal, de frente para a avenida Osvaldo Aranha; o do ginásio de esportes, voltado para a avenida Setembrina; e o da Educação Infantil, de frente para o largo central do Parque Farroupilha.
Para Izabel, a obra foi complexa e cheia de detalhes. “Conseguimos fazer todas as melhorias e atender às necessidades atuais. Realizamos as adequações relacionadas à proteção contra incêndio e à acessibilidade e fizemos todas as estruturas novas em concreto para diferenciar das construções antigas, compatibilizando o histórico com o moderno. Como cidadã e como arquiteta, é uma honra viver este momento”, disse.
Olhar para o futuro da educação
Mesmo com o desenvolvimento das atividades escolares, as obras seguirão no Instituto de Educação. Em breve, se iniciam os trabalhos em novas alas que abrigarão o Centro de Formação e o Centro Gaúcho de Educação Mediada por Tecnologias (Cegemtec). O Museu da Escola do Amanhã ocupará 2 mil metros quadrados e não apenas resgatará parte da história do IE e do ensino público do Rio Grande do Sul, como prospectará atividades e exibirá acervos que apontarão para o ensino no século 21. Ao longo das obras, o espaço ficará isolado do restante da escola.
O objetivo é tornar o IE um Centro de Referência em Educação em parceria com instituições reconhecidas pela implementação e pela gestão de museus no Brasil. Será um local de inspiração e de construção da escola do futuro, que funcionará de forma articulada com os demais equipamentos do IE no cotidiano da educação dos alunos e professores, contribuindo para o desenvolvimento de múltiplas habilidades da comunidade escolar do Rio Grande do Sul.
Desde novembro de 2023, um cuidadoso trabalho de limpeza e preparação para a restauração ocorreu com as três telas de grandes proporções que ocupam as paredes do saguão. A mais antiga delas, Garibaldi e a esquadra farroupilha (5,45 m x 3,42 m, de 1916), pintada pelo piauiense Lucílio de Albuquerque, representa o transporte do barco comandado por Giuseppe Garibaldi da Lagoa dos Patos até o Oceano Atlântico, rumo a Santa Catarina.
As outras duas foram pintadas pelo gaúcho Augusto Luis de Freitas, quando ele residia em Roma, e entregues ao Estado em 1926. A chegada dos casais açorianos (6,3 m x 5,5 m, de 1923) retrata os primeiros povos portugueses a aportar no Estado. E Combate da Ponte da Azenha (5,46 m x 3,76 m, de 1923), o combate que deflagrou a Guerra dos Farrapos em 1835.
O restauro em andamento está a cargo da Floresta Arte, Conservação e Restauro, em um trabalho para o qual foram destinados R$ 536 mil por meio da Secretaria da Cultura (Sedac). O restauro é acompanhado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e segue após a reabertura da escola, com conclusão prevista para outubro. Originalmente encomendadas pelo então presidente do Rio Grande do Sul, Borges de Medeiros, para adornar o Palácio Piratini, as telas foram tombadas pelo Iphae em 2011.
Em 1997, a prefeitura de Porto Alegre tombou o Parque Farroupilha, incluindo o Instituto de Educação. Em 2006, o Iphae reconheceu a escola como patrimônio estadual. Mesmo com pequenas obras de reparo e manutenção ao longo dos anos, as instalações estavam em condições precárias. A partir de 2015, os alunos foram encaminhados a quatro escolas estaduais da capital. As obras se iniciaram em janeiro de 2016, mas acabaram paralisadas. Em outubro de 2018, os trabalhos recomeçaram – porém, devido às restrições orçamentárias do Estado, novamente pararam.
Com a recuperação da capacidade de investimento do Estado, houve retomada da obra em janeiro de 2022. Cerca de 90 profissionais trabalharam no canteiro de obras – em torno de 30 de fora do Rio Grande do Sul. Muitos atuaram em restauros de espaços públicos importantes, como o Museu do Ipiranga e o Museu da Língua Portuguesa. O prédio exigiu cuidado extremo no processo de reforma.
“O prédio é um exemplo do que nosso governo tem feito no trabalho de preservação e conservação. Temos restaurações em andamento em todos os prédios históricos ligados à Secretaria da Cultura. São investimentos na crença que temos na preservação da memória, olhando sempre para o futuro”, disse Beatriz.
Fundado em 5 de março de 1869, o Instituto de Educação General Flores da Cunha é a instituição mais antiga na formação de professores do Estado. Criado como Escola Normal da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, inicialmente funcionava em um sobrado na esquina das atuais ruas Riachuelo e General Câmara, onde hoje se situa a Biblioteca Pública do Estado.
Em 1872, a escola foi transferida para o primeiro prédio público criado com finalidade escolar, situado na esquina da rua Duque de Caxias com a Marechal Floriano, onde permaneceu por 66 anos. Em 1934, decidiu-se pela construção da atual sede, concebida pelo escultor e arquiteto espanhol Fernando Corona, radicado em Porto Alegre. A construção, concluída em um ano, em 1935, primeiramente abrigou o pavilhão cultural da Exposição Comemorativa do Centenário Farroupilha.
A escola foi transferida para o atual prédio, na avenida Osvaldo Aranha, 527, em 18 de março de 1937; em 1939, teve o seu nome alterado para Instituto de Educação. Ainda recebeu outros nomes, como Colégio Distrital, Escola Complementar e Escola Normal de Porto Alegre, até ganhar a denominação atual, em homenagem ao governador do Rio Grande do Sul e general do Exército brasileiro José Antônio Flores da Cunha.