Na tarde desta quinta-feira a cidade de Bagé se mobiliza para receber uma oficina especial voltada à prática artesanal da feltragem, promovida no âmbito do projeto denominado “Rota da Lã”. O evento acontece na sede da APAE, localizada na Avenida Espanha, centro da cidade, e surge como oportunidade singular para artesãos, entusiastas do trabalho manual e cidadãos interessados em novas formas de expressão criativa e sustentável. A iniciativa, gratuita e com certificação ao final, abre um espaço para a valorização de técnicas que até então eram pouco difundidas em ambiente municipal, marcando um passo relevante para o fortalecimento de uma cadeia produtiva alternativa na cidade.
A atividade tem como tema “Feltragem com a lã: sensorial e lúdico”, e contará com a condução das artesãs Eliane Pacheco e Letícia de Cássia. Ambas trarão ao público as noções básicas da feltragem seca e molhada, métodos tradicionais de entrelaçamento de fibras que resultam em tecidos e peças tridimensionais sem tecelagem convencional. A proposta transcende o mero aprendizado técnico e se conecta ao universo da sustentabilidade, uma vez que valoriza a matéria-prima local, estimula o trabalho manual e abre caminhos para o empreendedorismo criativo em Bagé e região.
Para o município bagense, o curso representa mais que uma oficina: é uma iniciativa que alinha cultura, economia criativa e identidade territorial. A escolha da sede da APAE amplia o alcance do convite e reforça o caráter inclusivo da proposta, convidando um público amplo a participar. Em tempos nos quais as cidades buscam diversificar seus polos de atividade econômica, ações como esta podem servir de catalisador para pequenos negócios, feiras de artesanato e fortalecimento da marca local, contribuindo para que Bagé se destaque como polo de criatividade e manualidade artesanal.
Cabe considerar que a iniciativa também promove um momento de formação e reflexão sobre o patrimônio imaterial ligado à lã e ao artesanato no Rio Grande do Sul. A feltragem, por meio de suas técnicas, conecta geração de emprego, cultura regional e inovação pedagógica. Em Bagé, a oficina dá visibilidade a essa cadeia menos visada, mas que pode aportar valor simbólico e econômico. Para as artesãs, instrutoras e participantes, a oficina constitui um espaço de aprendizagem ativa — onde o toque da lã, as texturas e o resultado palpável geram experiência concreta de apropriação criativa.
A gratuidade do curso, aliada à certificação ao final, amplia o alcance e o impacto da iniciativa. Participantes que talvez não tivessem acesso a cursos pagos ganham agora a chance de se familiarizar com técnicas artesanais e vislumbrar possibilidades de aplicação prática. Em Bagé, a disseminação desse tipo de formação fortalece o ecossistema de pequenas produções e instiga maior dinamismo cultural. Além disso, ao ser promovido no âmbito de um projeto mais amplo, há expectativa de um efeito multiplicador: participantes que se tornem multiplicadores, que promovam oficinas próprias, ou que integrem feiras e eventos no município.
No plano institucional, a parceria que sustenta essa oficina demonstra uma articulação entre atores públicos e privados, entre cultura, artesanato e economia local. O projeto, que envolve entidades como a Emater-RS e outras organizações de fomento, a caminho de Bagé, mostra que a cidade pode se inserir em redes de valorização regional. Essa articulação propicia não só formação técnica, mas também conectividade com mercados, exposição e visibilidade. Para Bagé, o evento revela uma estratégia de diversificação cultural que pode potencializar turismo criativo, visitas e negócios relacionados ao artesanato e à lã.
Contudo, o sucesso e o impacto desse tipo de ação dependem de continuidade e acompanhamento. Em Bagé, seria importante que essa oficina fosse um passo de um plano maior de capacitação, que integrasse feiras de artesanato, apoio à comercialização, orientação para empreendedorismo e visibilidade fora da cidade. Assim, a formação técnica da feltragem se transforma em prática sustentável, com produtos, circulação, reconhecimento e geração de renda. A articulação entre formação, mercado e identidade local será o diferencial para que o efeito transcenda o dia da oficina.
Em síntese, a iniciativa que se realiza hoje em Bagé representa mais que uma aula prática de feltragem: trata-se de um movimento de afirmação cultural, de estímulo econômico alternativo e de redescoberta de saberes artesanais. Quando a cidade abre espaço para técnicas como a feltragem e promove a participação comunitária, ela investe no fortalecimento de laços entre moradores, artesãos e território. O evento marca, portanto, um momento importante para Bagé na construção de um futuro no qual arte, economia criativa e identidade regional caminhem juntas.
Autor: Mikhail Vasiliev

