O debate em torno da regulamentação de uma das instituições mais importantes para a segurança pública do Rio Grande do Sul voltou a ganhar força na Assembleia Legislativa. A proposta encaminhada pelo governo estadual no início de julho está em análise na Comissão de Constituição e Justiça, onde o relator designado terá a missão de avaliar apenas a constitucionalidade do texto. Essa etapa é crucial para que o projeto possa seguir às comissões de mérito e, eventualmente, ser votado em plenário. A discussão mobiliza não apenas a capital, mas também cidades do interior, como Bagé, que possuem unidades prisionais estratégicas para o sistema.
A escolha do relator gerou expectativa entre diferentes bancadas, inclusive na base governista, mas acabou recaindo sobre um deputado de oposição. Mesmo com divergências políticas, ele reforçou que seu trabalho se limitará ao aspecto jurídico, sem propor mudanças no conteúdo. Ainda assim, apontou que identificou possíveis incompatibilidades legais, o que deve gerar novos debates. Para municípios como Bagé, onde o presídio regional é peça central no controle penal, eventuais ajustes na regulamentação podem impactar diretamente o funcionamento e a estrutura das unidades locais.
Entre os pontos de atenção, está a definição da natureza hierárquica e disciplinar da instituição, algo que não constava no texto original da criação da corporação. Outro aspecto questionado é a exclusão da regra que enquadra todas as categorias da área no cargo unificado. Essas mudanças afetam diretamente os servidores e podem influenciar a forma como equipes são organizadas, treinadas e distribuídas pelo estado. No caso de Bagé, que já passou por operações para reforçar a segurança interna e coibir ilícitos, alterações estruturais podem trazer desafios adicionais.
A categoria tem acompanhado de perto cada movimentação na Assembleia, marcando presença nas sessões e manifestando suas preocupações. Representantes afirmam que o texto enviado pelo Executivo não contempla todas as demandas da classe e pode fragilizar conquistas históricas. A relação entre as decisões políticas e a realidade operacional é um ponto sensível, especialmente para unidades como a de Bagé, que lidam com contextos complexos de superlotação e necessidade de reforço constante no efetivo.
Além do impacto interno nas unidades prisionais, a regulamentação tem efeitos indiretos sobre a segurança das cidades. Uma estrutura penal fortalecida é considerada essencial para reduzir reincidência criminal e apoiar ações das forças policiais nas ruas. Em Bagé, que mantém relação direta entre o trabalho nas unidades de custódia e a segurança da população, qualquer mudança na regulamentação precisa considerar a dinâmica local e as particularidades da região.
A definição de um marco regulatório claro e bem estruturado pode servir de base para a valorização profissional, a modernização de processos e a ampliação da capacidade operacional. Isso inclui investimentos em capacitação, atualização de protocolos e melhoria da infraestrutura, pontos que têm impacto direto no desempenho das unidades espalhadas pelo estado. Em Bagé, onde a estrutura penal cumpre papel estratégico no atendimento à região, medidas assim poderiam representar avanços significativos.
Ao mesmo tempo, há preocupação de que a aprovação apressada do texto possa gerar lacunas ou conflitos jurídicos, levando a disputas que atrasariam a implementação das mudanças. Especialistas defendem que o diálogo com servidores e entidades representativas seja ampliado, garantindo que o projeto final atenda às demandas operacionais e jurídicas. No contexto de Bagé, essa abordagem participativa ajudaria a alinhar a regulamentação às necessidades reais da unidade regional e de seus profissionais.
A expectativa agora recai sobre as próximas etapas de tramitação, que definirão se o texto seguirá intacto ou sofrerá ajustes. Enquanto isso, cidades como Bagé seguem atentas, compreendendo que decisões tomadas na capital terão reflexos diretos na segurança local e na eficiência do sistema prisional. A forma como essa regulamentação será conduzida poderá servir como exemplo de diálogo construtivo ou, caso contrário, como alerta para a importância de processos legislativos mais integrados às realidades regionais.
Autor: Mikhail Vasiliev